terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Curso rápido de Homilética



A pregação é um milagre duplo. O primeiro milagre é Deus usar um homem imperfeito, pecador e cheio de defeitos para transmitir Sua perfeita e infalível Palavra. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito como seu porta-voz. Só um milagre pode tornar isso possível. O segundo milagre é Deus fazer com que os ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem a mensagem por intermédio do pecador e, finalmente, sejam transformados por essa mensagem. Esse é o grande milagre da pregação.

As técnicas são indispensáveis para uma boa pregação. Embora todas as técnicas ajudem o pregador, porém, não fazem dele um pregador. Par ser um bom pregador é preciso ter a técnica e algo mais. Esse algo mais é o milagre do Espírito Santo. O pregador deve orar, meditar e se colocar inteiramente nas mãos de Deus, para então, depois disto, pregar.

A leitura é uma parte importante do sermão. Ela deve ser bem feita, observando as pontuações estabelecidas, com suas pausas e mudança de personagem. O pregador precisa manter o contato com o público através do olhar, se fazendo próximo dos ouvintes.

II – DEFINIÇÃO DE HOMILÉTICA

Homilética é a arte de pregar. Esse termo tem origem no verbo grego homiléo, que quer dizer conversar.


III – REQUISITOS ESSENCIAIS DO SERMÃO

Dividem-se em dois grupos: os que são comuns a todos os discursos, a saber: ponto, unidade, ordem e movimento; e os que são peculiares ao sermão, a saber: fidelidade textual, tom evangélico e elemento didático.


IV – QUALIDADES DO PREGADOR

1 – Fidelidade a Deus; 
2 – Caráter; 
3 – Entusiasmo; 
4 – Determinação; 
5 – Sensibilidade; 
6 – Observação;
7 – Capacidade de síntese
8 – Imaginação e criatividade;
9 – Memória;
10 – Boa aparência;
11 – Bom vocabulário;
12 – Humildade.

V – O AUDIOVISUAL DO PREGADOR

"O coração alegre aformoseia o rosto..." (Provérbio 15.13a)

1 – Expressão corporal;
2 – O olhar e a expressão fisionômica: “O grande orador romano Cícero (106-43 a.C.) declarou: na locução, em seguida à voz e à eficácia, vem a fisionomia; e esta é dominada pelos olhos. O poder da expressão do olhar humano é tão grande que, de certa maneira, ele determina a expressão do semblante todo”;
3 – O sorriso; 
4 – Tom de voz; 
5 – A dicção (s, r, l);
6 – O volume;
7 – A velocidade;
8 – A respiração.


VI – COMO PREGAR O QUE INTERESSA

1 – Conheça seu objetivo;
2 – Conheça seus ouvintes;
- Preparar a pregação de acordo com o ambiente: jovens, idosos, mulheres (SAF), homens (UPH), crentes, não crentes, aniversário etc – Idade, sexo, ambiente sociocultural.


VII – NÃO PREGUE NO ESCURO

"O melhor orador é aquele que transforma os ouvidos em olhos"

Fontes de ilustrações:

a) A observação;
b) A natureza (ex.: plantas, animais etc);
c) A experiência pessoal;
d) A experiência da Igreja;
e) A Bíblia;

O pregador deve estar sempre atento as notícias, fatos acontecidos recentes. A ilustração é um ponto chave do sermão.

Obs: Não conte casos de pessoas, para não ferir a intimidade. Não demore muito na ilustração, ela deve ser rápida e clara.


VIII – O QUE DEVE SER EVITADO NA PREGAÇÃO

a) Gírias;
b) Muita gesticulação;
c) Desrespeitar o auditório;
d) Jogar indiretas para alguém;
e) Tomar cuidado com a falsa humildade;
f) A arrogância;

O púlpito é lugar de pregar a Palavra de Deus.


IX – SERMÕES QUE ATRAPALHAM O CULTO

a) Sermão sedativo (faz dormir);
b) Sermão insípido (sem sabor);
c) Sermão indiscreto (fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente, menos para a igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida);
d) Sermão reportagem (fala de tudo, menos da Bíblia);
e) Sermão marketing (é usado para promover e divulgar projetos da igreja);
f) Sermão metralhadora (atira para todos os lados).


X – PARTES CONSTITUTIVAS DO SERMÃO

Trata-se das divisões do sermão ou das partes de que ele se compõe.

1) Exórdio (introdução);
2) Exposição (explicação, narração);
3) Proposição (tema);
4) Argumentação (demonstração);
5) Peroração (conclusão).


XI – SERMÃO PROPRIAMENTE DITO

Sermão de 20min.

Modelo:
Introdução (3min.);
Desenvolvimento (15min.);
Conclusão (2min.).


XII – INTRODUÇÃO

Você nunca tem uma segunda chance de causar uma primeira impressão.

A introdução é o aperitivo da refeição;

A introdução deve ganhar a simpatia do ouvinte e despertar interesse pelo tema, desafiando o pensamento do ouvinte. Se o pregador não conseguir isso na introdução é quase impossível consegui-lo depois;

Obs.: Evite falatórios ou anúncios. Evite longas histórias. Seja claro e objetivo, evitando piadas, expressões rotineiras etc.


XIII – CONCLUSÃO

É a sobremesa do sermão. Um bom almoço termina com uma excelente sobremesa, dando um toque final no almoço, deixando um sabor delicioso na boca.

Não anuncie a conclusão;
Tenha cuidado para não se alongar muito;
Conclua na hora certa;
Não inclua matéria estranha.


XIV – CORPO DO SERMÃO

Unidade absoluta;

A escolha de um tema exige bastante estudo:
Escolha do texto sobre o qual você deseja falar (não escolha textos complicados);
Faça uma boa pesquisa sobre este assunto;
Estabeleça a idéia central, única, que vai governar a construção do sermão;

Tenha propósitos claros;

Divisões paralelas;

Progressão das idéias.

Obs.: Nunca deixe de fazer um esboço do sermão.


XV – TIPOS DE SERMÃO

1) Sermão temático (falar em cima de um tema);
2) Sermão textual (usar o texto);
3) Sermão expositivo (usar o texto fazendo todo o levantamento);

Obs.: Quando escolher um texto, leia algumas capítulos antes e alguns capítulos depois. Não fale o que o texto não fala. Familiarizar-se com texto, lendo-o várias vezes, destacando, principalmente, os verbos, sujeitos e termos de ligação.


XVI – COLOQUE O SERMÃO NO DIA-A-DIA DAS PESSOAS

Com linguagem atual, realismo, coerência e objetividade;

Certo pregador falava em um acampamento de jovens sobre “auto-estima em Cristo”. Ele desenvolveu a idéia de que uma palavra de elogio e apreciação faz bem e desenvolve a auto-estima. Na aplicação final, distribuiu etiquetas adesivadas e pediu que cada jovem escrevesse ali algo de bom que apreciava em algum amigo presente. Foi uma aplicação fortíssima. Depois, num apelo bem descontraído, pediu que os jovens se levantassem e colocassem as etiquetas na camisa do amigo a quem o elogio se referia. Com descontração e alegria os jovens tocaram elogios entre si. O pastor que estava presente recebeu um elogio bem humorado de um rapaz. O jovem brincalhão colocou nele um adesivo que dizia: “pastor, aprecio muito a sua filha”.


XVII – TIPOS DE APLICAÇÃO

a) Direta;
b) De interrogação;
c) Aplicação indireta;
d) Testemunho pessoal.


XVIII – APROVEITE O MEDO

A) Pesquisa
Uma pesquisa feita pela revista Veja, com três mil pessoas, com o título: “de que você tem mais medo?”, revelou o seguinte:

Falar em público: 41%; medo de altura: 32%; insetos: 22%; problemas financeiros: 22%; águas profundas: 22%; doença: 19%; morte: 19%; viagem aérea: 18%; solidão: 14%; cachorro: 11%; dirigir ou andar de carro: 9%; escuridão: 8%; elevadores: 8% e escada rolante: 5%


B) Como lidar com o medo
Lembre-se de que você não é o único;

Não tenha medo do medo. Se não tiver medo do medo, você terá um medo a menos. Isto é, o medo se reduz pela metade. Basta pôr na cabeça que o medo faz parte da natureza humana;

Aproveite seu medo. O medo e o nervosismo indicam que o seu corpo está se preparando para entrar em ação;

Resolva correr o risco. Não tenha medo de fracassar. Diz um pensamento: “o risco do fracasso é o preço do sucesso”. Só obtém sucesso quem corre o risco de fracassar. E se cometer alguns erros ou mesmo chegar a fracassar algumas vezes, qual é o problema? Perder uma batalha não significa perder a guerra. Tente outra vez. Assuma o fato de que falar é importante e necessário para você, ainda que cometa erros;

Abraão Lincoln é um exemplo típico de sucesso construído em cima de fracassos:
- Perdeu o emprego em 1832;
- Derrotado na legislatura de Linois em 1834;
- Fracassou nos negócios pessoais em 1833;
- Morre-lhe a eleita do coração em 1835;
- Sofreu de uma enfermidade em 1836;
- Derrotado novamente na legislatura de Linois em 1838;
- Derrotado na indicação para o Congresso em 1844;
- Perdeu a segunda indicação em 1848;
- Derrotado para o Senado em 1854;
- Derrotado para a indicação de vice-presidente em 1856;
- Novamente derrotado para o Senado em 1858;
- Eleito presidente dos Estados Unidos em 1860!


C) Use a descontração

Alguns exercícios antes de falar podem ajudar. Use a respiração profunda, várias vezes;

Procure descontrair os ouvintes usando uma boa pitada de humor;

Conta-se que Abraão Lincoln estava muito nervoso ao participar de um debate político. Seu oponente, que o antecedeu, acusou-o com sarcasmo de ter duas caras. Assim que o rival terminou, Lincoln levantou-se para falar. Como tinha a fama de ser muito feio, Lincoln começou o discurso com estas palavras: “acham vocês que se eu tivesse duas caras iria aparecer em público logo com essa?” A risada foi geral, e, dizem, que Lincoln começou a ganhar o debate com essa frase;

Prepare-se. O melhor remédio contra o medo e o nervosismo é estar bem-preparado e saber o que vai dizer;

Mantenha pensamentos positivos. O auditório não está ali para vê-lo fracassar, mas, sim, para ouvi-lo. Se não acreditassem em você, não ficariam para escutá-lo;

Seja perseverante. O exemplo mais clássico é o de Demóstenes. Conta-se que a primeira vez em que ocupou uma tribuna deixou-a sob as vaias da platéia, porque tinha cacoetes e problemas de dicção. Mas, mesmo derrotado pela tribuna, não foi derrotado por si mesmo. Para corrigir os cacoetes, discursava em casa com uma espada pendurada apontada para o ombro, e cada vez que o ombro se erguia nevorsamente, era ferido pela espada, até que o reflexo condicionado corrigiu o defeito. Para corrigir a dicção, discursava com a boca cheia de seixos (fragmento de pedra ou roxa), para aprender a controlar a língua. Não foi por acaso que se tornou o maior orador de todos os tempos;

Esteja aberto as críticas e persevere até o fim.


Referências bibliográficas
Marinho, Robson Moura. A Arte de Pregar: a comunicação na homilética. 1ª edição, São Paulo-SP, Vida Nova, 1999, 192p.
Gouveia, Herculano. Jr. Lição de Retórica Sagrada. Seminário do Sul, Campinas, São Paulo-SP, 1974, 99p.

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